domingo, 31 de maio de 2015

Juízo final, por JNS

Juízo final
Por JNS
flertam no cio
quando há poesia
deixam fluir
quando anuncio canções
construindo pontes
para a terceira margem do rio

sexta-feira, 29 de maio de 2015

15 coisas que uma mulher nunca deve fazer: a lista de Mae West. Por Fabio Hernandez



Postado em 29 mai 2015
"Tenho pena das mulheres fracas, boas ou más, mas não consigo gostar delas"
“Tenho pena das mulheres fracas, boas ou más, mas não consigo gostar delas”
A loira aí em cima. Mae West. Libertina, ousada, iconoclasta. Era escritora, era atriz, era frasista.
Era, enfim, tudo aquilo que os homens (normais) buscam.
“Ame o próximo, e se ele for alto e charmoso será bem mais fácil”, é uma de suas frases. “Um homem em casa é melhor que dois na rua”, outra. Com tanta coisa junta, ela foi uma das personalidades mais fascinantes do mundo na primeira metade do século XX.
Tinha uma sabedoria prática que ainda hoje possui valor e graça, expressa sinteticamente em 15 coisas que jamais iria fazer.
Compartilho-as com vocês.
COISAS QUE NUNCA FAÇO
1. Tirar o homem de outra mulher. Pelo menos intencionalmente, quero dizer, embora no amor e na guerra valha tudo, e não seja pecado.
2. Ser outra coisa que não eu mesma o tempo todo, a não ser no palco ou na tela, pois é aí que começa a atuação.
3. Cozinhar, costurar, lavar pratos, descascar batata, comer cebola ou roer as unhas.
4. Usar meias de algodão branco ou entrar em um campo de nudistas.
5. Gostar de ópera, do Número Treze, cantar músicas tirolesas, espaguete frio, ratos, lesmas, homens que raspam o pescoço ou banana madura demais.
6. Preocupar-me com pessoas que assobiam no camarim ou passam cheque sem fundo.
7. Fazer papel de mãe, papéis tristes ou de esposa virtuosa, traída ou não. Tenho pena das mulheres fracas, boas ou más, mas não consigo gostar delas. A mulher deve ser forte na bondade e na maldade.
8. Ficar doida por música clássica, sanduíche, fumaça de charuto, lugares que cheiram a hospital e esmalte de unha preto.
9. Ficar excitada com boates, pontes retráteis, dança de leque, meias no tornozelos, a Bolsa de Valores, badminton ou macetes para aumentar o busto.
10. Morrer de emoção com orquídeas, cartas de amor anônimas, pastas de postais, terremotos, braceletes de escrava ou cama de colchão duro.
11. Incomodar-me com credores ou rapazes que ciciam.
12. Acreditar no pior de alguém sem prova completa, tampouco acreditarei que é inútil lutar contra a sorte – a falsa!
13. Andar quando posso me sentar, ou me sentar quando posso me deitar. Acredito em poupar a energia – para coisas importantes.
14. Escrever um conto sem sofisticação.
15. Casar-me com um homem bonito demais, um homem que bebe demais ou não segura a bebida como um cavalheiro, um homem fácil de obter ou facilmente levado à tentação – a menos que seja eu quem o leve.
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Sobre o Autor
O cubano Fabio Hernandez é, em sua autodefinição, um "escritor barato".

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Manet ou Monet? Uma aula magna de impressionismo por um especialista de 100 anos atrás



Postado em 25 mai 2015
Olímpia, de Manet
O escritor francês Camille Mauclair escreveu, há um século, um dos primeiros livros sérios sobre os impressionistas. O título é “Os Impressionistas Franceses”, e dele foram extraídas as frases abaixo, em mais um capítulo da série “Conversas com Escritores Mortos”.
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De onde vem a palavra “impressionismo”?
O nome “impressionismo” vem de Claude Monet. Houve muita discussão sobre a origem dessa palavra famosa.  Na verdade, pouca gente sabe de onde veio o nome, mesmo entre os críticos. Desde 1860 os trabalhos de Manet e seus amigos causaram tanta controvérsia que foram rejeitados em bloco pelo júri do Salão de 1863. (Nota do entrevistador: o Salão era a exposição anual das obras de arte em Paris.) O imperador, inspirado por seu pensamento liberal, exigiu que os inovadores pudessem exibir suas obras em grupo numa exposição especial, chamada de Salon des Refusés, ou seja, Salão dos Rejeitados.
O público se aglomerou lá para rir dos artistas. Um dos quadros mais desprezados era um pôr de sol de Claude Monet, intitulado Impressions. Deste momento em diante, os pintores que adotaram mais ou menos o mesmo estilo foram chamados de Impressionistas.
Impressões, de Monet
Gosto mais de Manet que de Monet. Sou um estúpido?
Manet tinha as qualidades pessoais de um chefe. Era um homem de espírito, um trabalhador ardente, e tinha uma personalidade entusiasmada e generosa. Manet copiou Rembrandt em Munique, e depois foi para a Itália, onde copiou Tintoretto em Veneza. Depois ele se tornou fanático pelos espanhóis, sobretudo Velasquez e Goya. Ele estava preparado para fazer algo como Desjejum na Relva. Esta quadro, com um admirável nu feminino, causou um escândalo porque uma mulher desnuda aparece entre pessoas vestidas, coisa que ocorria frequentemente entre os mestres da Renascença. Neste quadro a personalidade do artista se apresentou em plena maturidade. Manet fez o trabalho antes dos 30 anos, e ali já se via um grande mestre.
Adoro Olímpia …
Essa famosa Olímpia, que ocasionou uma tremenda fúria, me parece hoje um trabalho de transição. Não é uma obra prima, e nem um trabalho emocional, mas um experimento técnico bem inferior aos melhores quadros de Manet. Ele estava em dúvida sobre se exibia Olímpia, e foi convencido a ir adiante por Baudelaire, que deu a ele uma de suas típicas broncas. “Você reclama de críticas? Mas você é o primeiro a passar por isso? Você é mais talentoso que Chateaubriand ou Wagner? Eles não morreram por serem atacados pela crítica. E, para não deixar você muito orgulhoso, devo dizer que eles eram grandes num universo rico, enquanto você é apenas o primeiro na decrepitude da sua arte.”
Chose de locque, monsieur …
Manet não foi o inventor do impressionismo, mas prestou ao movimento serviços preciosos. Ele enfrentou todas as críticas dedicadas a inovadores como ele e os amigos, e com isso abriu uma brecha na opinião pública. Por ela seus amigos passaram depois dele mesmo. Provavelmente todos os impressionistas teriam ficado desconhecidos sem ele, ou ao menos sem influência, porque eles grandes na arte, mas tímidos na vida. Degas, Monet e Renoir eram pessoas delicadas com horror a polêmicas. Eles foram eletrificados pelo exemplo magnífico de combatividade de Manet, e Manet foi generoso o suficiente para reagir não apenas aos ataques contra seu trabalho, mas contra o de seus amigos. Seus vinte anos de luta aberta, sustentada por uma abnegação que o fez ser amado pelos amigos. Manet morreu, exausto por tanto trabalhar e tanto guerrear, depois de ser submetido em vão a uma amputação de pé para evitar uma gangrena. Tinha 51 anos.
Desjejum na Relva, de Manet
Qual o papel de Manet na arte?
Ele é o pintor mais original da segunda metade do século 19, aquele que realmente criou um grande movimento.
Falemos um pouco dos demais impressionistas. Degas, por exemplo.
Degas é um homem silencioso e solícito, com horror da multidão e das controvérsias, e quase inclinado a esconder seus trabalhos. É um misantropo. Seus quadros foram gradualmente sendo vendidos a países estrangeiros e espalhados por galerias ricas sem ser vistos pelo público.
E como artista?
Degas é, antes de tudo, um grande desenhista. Sua obra pode ser dividida em grandes séries, como as corridas de cavalo, as bailarinas e a mulheres tomando sol. Degas exerceu uma influência oculta, mas poderosa. Ele viveu sozinho, sem discípulos e quase sem amigos. Mas todos os grandes desenhistas que vieram depois dele, como Toulouse-Lautrec, receberam lições de sua obra. Ele desprezava a glória.
E de Monet, o que o senhor diz?
Sua obra é imensa. Ele produz com rapidez espantosa, e tem ainda outra característica dos grandes pintores: colocar a mão em todo tipo de tema. Monet nos faz entender o movimento das ondas luminosas de um rio, riacho ou mar, e também o movimento das vibrações do calor. Ele é um pintor por excelência, um homem nascido para pintar. No amor ardente pela natureza, ele encontrou sua grandeza.
O senhor parece admirar muito Renoir …
O trabalho de Auguste Renoir se estende sem interrupção por um período de quarenta anos. Sua obra como que resume as ideias e os métodos da arte impressionista tão completamente que, se apenas ela escapasse de uma destruição geral, seria suficiente para testemunhar todo esse movimento artístico. Como Manet, e como todos os grandes pintores, Renoir fez quase tudo, nus, retratos, paisagens, e sempre com igual beleza.
Monsieur Mauclair? Je suis enchantée. (Nota do tradutor: ele não responde nada. Terminada a conversa, ele se ergue e sai à francesa.)
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mund