Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa -
26.6.2014
| 12h00m
OBRA-PRIMA DO DIA (ARQUITETURA RELIGIOSA)
Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegovina, por ser, até recentemente, a única cidade europeia de grande porte a ter uma mesquita, uma igreja católica, uma igreja ortodoxa e uma sinagoga coexistindo numa mesma vizinhança, foi muitas vezes chamada de Jerusalém da Europa, ou Jerusalém dos Bálcãs.
Além disso, é o lar da Saraybosna Osmanli Medrese, instituição politécnica islâmica, hoje parte da Universidade de Sarajevo.
Veremos aqui, muito rapidamente, a rica história de
Sarajevo e de partes da Bósnia e Herzegovina e creio que vocês lastimarão, como eu, essa riqueza toda ficar em segundo plano diante do infeliz atentado que foi o estopim da Grande Guerra, a de 1914/18, o fim do sonho de um mundo em paz.
A data oficial da fundação de Sarajevo pelo Império Otomano é 1461, mas sua existência começou muito antes. Na Idade Média, por exemplo, segundo documentos papais, em 1238 discípulos dos santos Cirilo e Metódio construíram ali uma catedral dedicada a São Paulo, que não mais existe.
Da Idade Média são também as lápides Stecci (no singular Stecak), cerca de 60 mil ainda visíveis, tradição das religiões que ali pregavam, com dizeres no alfabeto cirílico bósnio. Os Stecci fazem parte do Patrimônio Universal listado pela UNESCO.
Stecak que pode ser visto nos jardins do Museu Nacional da Bósnia e Herzegovina.
A cidade é rica em museus, mas é no Museu Nacional da Bósnia e Herzegovina que está um de seus maiores tesouros: o manuscrito do mais antigo documento judeu sefardita, o tradicional Hagadá judeu, copiado em Barcelona, Espanha, lá pelo ano de 1350. É o único Hagadá manuscrito com iluminuras existente no mundo.
Infelizmente, essa cidade tão rica culturalmente, e que foi a primeira da Europa a ter uma rede de bondes elétricos a cruzar suas ruas e praças (a primeira do mundo foi São Francisco, EUA) ficou para sempre marcada como o local do assassinato do arquiduque austríaco Franz Ferdinand e sua mulher, em 28 de junho de 1914, quando passavam pela Ponte Latina, ponte erguida pelos otomanos sobre o rio Miljacka que corta Sarajevo.
Eis algumas das mais importantes instituições religiosas em Sarajevo:
Acima a Faculdade de Estudos Islâmicos, parte da Universidade de Sarajevo
Em 1581 foi erguida a primeira sinagoga em Sarajevo. Sofreu dois grandes incêndios e sempre foi reconstruída, mas hoje é o Museu Judeu. A Sinagoga Sefardi de 1932, considerada a maior e mais ornamentada das sinagogas nos Bálcãs foi destruída pelos nazistas em 1941. Hoje, a única sinagoga de Sarajevo é a que foi erguida em 1902.Abaixo, a antiga capela do cemitério judeu.
Abaixo a Catedral da Natividade de Teotokos, a maior igreja ortodoxa de Sarajevo. Foi erguida entre 1863 e 1868, a pedido dos paroquianos ortodoxos. É uma basílica em forma de cruz, com cinco cúpulas e belos vitrais.
A Catedral do Sagrado Coração de Jesus, católica, em estilo neo-gótico, inaugurada em agosto de 1889. O desenho sobre o portão principal faz parte da bandeira e do selo do cantão de Sarajevo e nas torres estão representadas a bandeira e as armas da cidade.
Não podemos nos esquecer que Sarajevo sofreu com a hecatombe nazista, que lhe deixou muitas cicatrizes. Devemos lembrar também que, em nossos dias, Sarajevo foi a cidade que sofreu o mais longo cerco: durante a guerra pela independência da Bósnia, de 1992 a 1996, a cidade ficou sitiada por 1425 dias...
Memorial comemorativo da vitória sobre o fascismo na II Guerra Mundial.
História, pois, além de Arte, como podemos ver, é o que não falta em Sarajevo.