ESPANTO! O analfabetismo explícito da secretária de Educação Básica do MEC
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Reinaldo Azevedo
17/03/2019 09h54
O MEC virou o circo da extrema-direita de chanchada. Ali, as chacretes de Olavo de Carvalho disputam espaço com, como posso dizer?, outras criaturas de Deus. Ou do tinhoso, vai saber…
Ricardo Vélez Rodriguez, o, vá lá, ministro, tinha Luiz Antônio Tozi como secretário-executivo da pasta. Mas o autointitulado "filósofo e professor" Olavo de Carvalho pediu a sua cabeça. Vélez, o boy do Olavão, teve de demitir Tozi no dia 12 por ordem de Bolsonaro, o empregadinho de luxo do Bruxo da Virgínia. Foi anunciado, então, Rubens Barreto da Silva como substituto. Nem tomou posse e caiu também, alvejado pelas dançarinas de palco do especialista no próprio pensamento.
Então Vélez, o comediante, anunciou Iolene Lima para o cargo. Atualmente, PRESTEM ATENÇÃO!, ELA É SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO MEC.
Abaixo, há uma entrevista da valente Iolene. Ela fala sobre educação antes ainda de ser nomeada. A "especialista" que cuida da Educação Básica, nessa revolução que Bolsonaro comanda no país, sob a inspiração do especialista em cocô de urso, diz a seguinte maravilha:
"Uma educação baseada em princípios é uma educação baseada na palavra de Deus, onde (sic) a geografia, onde a história, a matemática vai (sic) ser vista SOBRE (sic) a ótica de Deus, numa cosmovisão cristã. Então o aluno vai aprender que o autor da história é Deus. O realizador da geografia é Deus. Deus fez as planícies, Deus fez os relevos, Deus fez o clima. O maior matemático foi Deus. (…). Então é toda a disciplina do currículo escolar organizada SOBRE (sic) a ótica das Escrituras".
Vamos fazer de conta, para efeitos de pensamento, que o conteúdo não é besteira. Quero me ater à gramática daquela que responde pela educação das nossas crianças.
O emprego que ela faz do "onde" como pronome relativo, na fala em questão, já poderia render uma boa demissão.
Mas, dado o padrão do governo Bolsonaro, seria exigir demais.
A sua concordância também é um assombro. Para ela, sujeito composto não interfere no verbo. Deve pensar em inglês…
Notem que Iolene emprega duas vezes a palavra "sobre" em lugar de "sob".
Ela, claro!, não quer a matemática "sobre a ótica de Deus", mas "sob".
Essas pessoas farão escolhas que vão influenciar o futuro dos nossos estudantes.
Tudo bem, né? No discurso de posse, o presidente do INEP, que é o órgão que elabora os exames oficiais, falou "cidadões" duas vezes.
A extrema-direita sempre se divertiu bastante sacaneando o português de Lula, que melhorou muito com o tempo, diga-se.
O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, e os analfabetos que sabem ler acima de Deus!
No fundo do poço, havia um alçapão.
Estão dizendo que a Casa Civil, de Onyx Lorenzoni, vai vetar o nome de Iolene para secretária-executiva.
Entendi. Ela esta preparada é para cuidar do concordância e do vocabulário das nossas crianças, não é mesmo?
Dá para entender por que bolsonaristas andaram falando em queimar livros.