sexta-feira, 15 de novembro de 2013

COISAS DE FILÓSOFOS.

Enviado por Pedro Lago - 
15.11.2013
 | 23h30m
POEMA DA NOITE

Poemas mundanos 21 de Junho de 1962 - Pier Paolo Pasolini

Trabalho todo dia como um monge 
e à noite vagueio, como um gato 
à cata de amor… Vou sugerir 
à Cúria que me santifique. 
Com efeito, respondo à mistificação 
com a mansidão. Olho com olhos 
de imagem os que vão linchar-me. 
Observo o meu massacre com a coragem 
serena de um sábio. Pareço 
sentir ódio, mas escrevo 
versos cheios de amor atento. 
Estudo a perfídia como um fenômeno 
fatal, como se dela não fosse objeto. 
Tenho pena dos jovens fascistas, 
e aos velhos, que são para mim formas 
do mais horrível mal, oponho 
apenas a violência da razão. 
Passivo como um pássaro que, voando, 
tudo vê, e, no seu vôo para o céu, 
leva no coração a consciência 
que não perdoa.

Pier Paolo Pasolini (Bolonha, Itália, 5 de março de 1922 - Óstia, Itália, 2 de novembro de 1975) - Além de mundialmente conhecido e importante cineasta, também foi poeta, escritor, jornalista e professor. Formou-se em Literatura pela Universidade de Bolonha, pertenceu ao Partido Comunista Italiano. Combateu o Fascismo a sua vida inteira. Foi brutalmente assassinado sob condições ainda bastante polêmicas. Pasolini realizou filmes que se tornaram clássicos como 'Medeia', 'Os 120 dias de Sodoma' e 'Teorema'. Todas as traduções foram feitas por Maria Jorge Vilar de Figueiredo



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