EUA x Rússia e China: a destruição do poder pela força
TER, 10/11/2015 - 17:45
Por Fábio de Oliveira Ribeiro
Fomos surpreendidos hoje por notícias preocupantes: http://russia-insider.com/en/politics/disturbing-reason-navys-trident-missile-test/ri11063.
Ao meditar sobre este evento lembrei as palavras sábias de Hannah Arendt:
"O domínio pela pura violência entra em jogo quando o poder está sendo perdido..."
"...em termos de política, não basta dizer que violência e poder não são a mesma coisa. Poder e violência se opõe; onde um deles domina totalmente o outro está ausente. A violência aparece onde o poder está em perigo, mas se a permitirem seguir seus próprios caminhos, resulta no desaparecimento do poder. Isto implica em não ser correto pensar no oposto da violência como sendo a não violência; falar em poder não-violento é uma redundância. A violência pode destruir o poder, mas é totalmente incapaz de criá-lo." (Crises da República, Hannah Arendt, editora Perspectiva, 3ª edição, 2013, São Paulo, p. 130-132).
Esta demonstração de força dos EUA pode ser considerada, portanto, como uma demonstração do enfraquecimento do poder dos EUA. Não só isto. Em um outro parágrafo memorável Arendt afirma que:
"Em consequencia da enorme eficiência do trabalho de equipe nas ciências, o que talvez seja mais notável contribuição americana à ciência moderna, podemos controlar os processos mais complicados com tal precisão que faz uma viagem à lua menos perigosa que um simples passeio de fim de semana; no entanto a chamada 'maior potência da terra' está desamparada para terminar uma guerra claramente desastrosa para todos os envolvidos, num dos menores países da Terra [o Vietnan]. É como se estivéssemos sob algum encantamento, que nos permitisse realizar o impossível com a condição de não podermos mais fazer o possível, para realizarmos proezas fantasticamente extraordinárias com a condição de não sermos mais capazes de satisfazer nossas mais banais necessidades diárias." (Crises da República, Hannah Arendt, editora Perspectiva, 3ª edição, 2013, São Paulo, p. 155).
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