Um
vídeo divulgado nesta terça-feira (9) pelo canal americano CNN mostra imagens que teriam sido feitas nas horas seguintes ao
ataque químico a Khan Sheikhoun, na periferia de Damasco, na Síria, há 35 dias.
Em 4 de abril, pelo menos 92 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas em um bairro
atingido por gás sarin. O agente químico leva ao colapso do sistema nervoso das vítimas e, dependendo da exposição, pode matar.
| Mohamed al-Bakour - 3.abr.2017/AFP | |
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Criança recebe tratamento após ser vítima de ataque químico em Khan Sheikhoun, na Síria, em abril |
As cenas fortes, divulgadas ao canal por um grupo chamado Aleppo Media Centre, são de dezenas de pessoas mortas em uma rua. As que ainda permaneciam vivas respiravam com dificuldade e se debatiam no chão.
Tanto os mortos quanto os feridos espumavam pelo nariz e a boca, um dos efeitos colaterais da exposição ao gás. Equipes de resgate atiravam água com mangueiras de incêndio nos corpos daqueles que tentavam sobreviver.
Em outra cena, editada em relação à primeira, cerca de dez crianças feridas e seminuas aparecem na caçamba de uma picape, também com respiração ofegante e espumando. Um homem joga água nos atingidos.
O vídeo começa com um ataque aéreo que forma uma poeira fina sobre uma região, que o Aleppo Media Centre diz ser Khan Sheikhoun, e, em seguida, é cortada para as cenas das vítimas do ataque químico.
O grupo foi o mesmo que fez outras imagens da operação, que foram publicados na internet horas após o ataque. Nem a CNN nem os responsáveis pela filmagem informam o motivo pelo qual este vídeo não foi divulgado antes.
Alguns analistas afirmam que o Aleppo Media Centre é ligado à Frente al-Nusra, milícia radical islâmica que foi ligada à Al Qaeda até 2016, de modo que a divulgação destas imagens seria uma forma de propaganda.
ACUSAÇÕES
O ataque a Khan Sheikhoun foi o motivo citado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para
bombardear uma base aérea na Síria, em retaliação ao ditador Bashar al-Assad, que Washington
considera responsável pela ação.
Além dos americanos, países europeus como França e Reino Unido também acusam Damasco de ter usado o gás químico. O regime sírio
nega e aponta seus adversários como autores, mesma posição
do governo russo.
Analistas do conflito se dividem sobre a possível origem do ataque, mas parte deles aventa a hipótese de a oposição a Assad ter executado o ataque para incriminá-lo, diante da vantagem territorial que as forças aliadas ao regime conquistaram nos últimos meses.