NATAL. Corações manjedouras
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Jesus, amigo:
Nas ruas e avenidas do mundo, um rio de gente navega outra vez o barco da esperança. Todos direcionam seu leme para o mar de ofertas que se alojam pelas vitrines. Tudo é brilho! Tudo é luz! Tudo é festa. E no coração dessa celebração, no entanto, abandonamos-te, de forma incompreensível e sem a menor elegância.
As cidades em rumorosa festa celebram o teu Natal. Em meio ao ruído das ruas e ao brilho manifesto das decorações natalinas, registradoras multiplicam os lucros de seus donos. Vendedores aflitos se desdobram para atender ao público. Crianças rezam pela conveniência de um brinquedo. Adultos alimentam a esperança de uma lembrança qualquer. Nem que parta de um desconhecido amigo.
Em nenhuma das peças onde teu Natal se manifesta, se ouve teu nome. Nenhuma das vozes na tevê ou no rádio revela o menor sinal de tua presença. Mesmo onde tudo lembra teu aniversário, a figura de um outro homenageado tomou a frente das homenagens. E, em meio a ela, o sonho das crianças se generaliza.
Mesmo com o aniversariante deslocado desse tempo, o rio de pessoas circunavega as vitrines; dá voltas em quarteirões repletos; serpenteia avenidas decoradas, como se achasse tudo isso o oceano da mais completa tranqüilidade. Só o saber ser teu coração tão generoso, para compreender esse inusitado esquecimento.
É que, tu Jesus, te contentas simplesmente em figurar na invisibilidade de um segundo plano, deixando que a generosa força do Amor magnifique e prevaleça em tudo o seu selo. E imponha, em todas as almas ensimesmadas de Luz, a marca de teus gestos mais virtuosos. Por isso, ser o Natal a época de pessoas tão amáveis, como se o espírito da festa incorporasse ao cotidiano de todas elas.
Permita amigo, que os corações devotados ao Bem se transformem em manjedouras de Luz para receber a tua irradiada presença. E que eles recolham com a prática do Amor, a tua ascensional virtude. Permita mestre, que esses corações renovados pela Fé acolham a divina Esperança que és, buscando na escola terrena materializar-se como exemplo... uma vez seguinte.
Texto de Nonato Albuquerque
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