Lula enche os bolsos para falar muito bem de si
Josias de Souza
Lula compareceu na noite passada ao lançamento do livro “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma”. Pretendia ficar quieto. Ao defrontar-se com o microfone, não se conteve. Falou pelos cotovelos, como se diz. Com atraso de dois meses, comentou notícia sobre as viagens que fez ao exterior a soldo de empreiteiras.
“Eu não sou lobista, não sou conferencista, não sou consultor. A única coisa que eu sou é um divulgador das coisas que eu fiz neste governo. E o pessoal talvez fique preocupado porque eu cobro caro e não digo quanto cobro.” Sem mencionar-lhe o nome, fez troça de FHC: “Se as pessoas pagam para ouvir um governante fracassado, têm que pagar mais para ouvir um bem-sucedido. Se quiserem saber quanto que eu cobro, me contratem. Na hora da assinatura, fica sabendo.”
Informou também por que não cogita escrever suas memórias. “Nenhum presidente pode escrever um livro de verdade, porque não pode contar tudo o que aconteceu nas relações dele no mandato presidencial, as conversas com os chefes de Estado, as reuniões ministeriais. [...] Então, seria uma biografia meia-boca, daquelas [do tipo] ‘eu me amo’, só com virtude e sem defeito.”
Como se vê, Lula evoluiu muito. Na Presidência, achava que era Deus. Fora dela, tem certeza. Acima do bem e do mal, avalia que não deve nada a ninguém. Muito menos explições. Autocrítica? Se pagarem muito bem, ele faz. Mas só a favor, que das outras cuidam os amigos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário