As “vozes das ruas” são uma falácia que deve ser desconstruída
A propósito do post anterior, vale ressaltar que os vereadores Guilherme Sampaio (PT) e João Alfredo (PSOL) têm usado o argumento de que “as vozes das ruas” querem discutir o Acquário Ceará.
E que o plebiscito sobre a obra consagraria essa modalidade de consulta como forma de participação popular nos destinos da coisa pública.
Mais falacioso, impossível.
Veja só: 1) Ouviram-se “vozes” nas ruas querendo a volta da ditadura. É por isso que Guilherme e João Alfredo vão defender a causa? Claro que não;
2) Ouviram-se “vozes” nas ruas ameaçando, hostilizando, agredindo militantes de partidos. É por isso que Guilherme e João Alfredo vão se unir a esse coro? Claro que não.
3) Ouviram-se “vozes” nas ruas condenando os partidos e defendendo a extinção das siglas. É por isso que Guilherme e João Alfredo vão condená-los e exigir a extinção das siglas? Claro que não.
4) Ouviram-se “vozes” nas ruas gritando pela depredação dos patrimônios público e particular, estimulando o saque. É por isso que Guilherme e João Alfredo serão condescendentes com essa barbaridade? Claro que não.
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O que observo são apenas exemplos.
Tenho sempre dito por aqui que nem sempre a “opinião pública” está correta e que essa, submetida a manobras, deformidades e manipulações, pode ser usada a favor dos mais abjetos objetivos.
A Alemanha que o diga. Lá, a “opinião pública” foi francamente favorável à brutalidade do regime de Adolf Hitler.
O catolicismo que o diga. Foi a “opinião pública” que autorizou Pilatos a libertar Barrabás e mandar Jesus para a cruz.
Quando anunciou-se o assassinato do ex-senador brasileiro Carlos Marighella, por policiais paulistas liderados pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, em 4 de novembro de 1969, o público que assistia ao jogo Corinthians x Santos urrou de contentamento.
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Enfim, a história conta que as “vozes das ruas” também podem ser usadas para legitimar a estupidez.
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