E na onda ecológica, eis o conto enviado ao Blog pelo jornalista Nicolau Araújo. Confira:
Há uma lenda amazônica, trazida por os ventos, talvez, de um pequeno índio que se sentia pouco diante do grande chefe e guerreiro, que era seu pai.
Motivado pelo sentimento, ele resolveu fugir de sua aldeia, se perdendo na imensa floresta. O indiozinho era bastante corajoso, pois não sentia medo dos ferozes bichos que aterrorizavam o lugar.
Logo anoiteceu e o pequeno fora vencido pela fome e pelo cansaço, dormindo próximo ao leito de um rio. Na manhã seguinte, ao despertar, se surpreendeu ao notar quase todas as espécies de bichos da floresta vivendo passivamente debaixo de uma gigantesca árvore, que lhes fornecia abrigo e alimento.
Os anos se passaram e o indiozinho se tornou um homem, e, durante todo esse tempo, passou a desfrutar e a proteger a boa árvore.
Porém, em uma triste manhã, todos despertaram com um grande barulho. Era a chegada do perverso Senhor do Tempo que, por pura crueldade, derrubou a grande árvore.
Amedrontados, alguns bichos se tornaram agressivos, enquanto outros, mais fracos, fugiram. O índio observava aquela triste cena quando fora interrompido pelas palavras do Senhor do Tempo:
- Amigos, por que tanta revolta?! A árvore já estava velha. O que devemos fazer, agora, é plantar uma outra tão grande e forte em seu lugar!
O índio e os bichos concordaram com a idéia, mas uma luz que surgiu de dentro das matas discordou:
- Não! Era a sábia Natureza que chegava para destruir o perverso plano do Senhor do Tempo.
- Este solo ainda contém as raízes da derrubada árvore. Uma outra, por mais forte que pareça, poderá não se adaptar a tais raízes.
Assim, a Natureza colheu uma pequena semente da gigantesca árvore e plantou-a em seu lugar. O índio se revoltou com o ato, pois, ainda com seu falso conceito, não aceitava que uma grande força poderia ser substituída por uma menor, e resolveu procurar o caminho de volta para casa.
Chegando à aldeia só encontrou cinzas, e logo perguntou a um pássaro o que havia acontecido ao lugar. Sem o reconhecer, o pássaro lhe contou que ali fora uma aldeia feliz, até o dia em que o Senhor do Tempo passou e levou o grande chefe e guerreiro. Sem o seu pequeno e então fugitivo filho para assumir, o chefe deixou a tribo com o seu irmão, que era tão forte e grande quanto ele. Mas a aldeia não se acostumou com a maneira de pensar e agir do novo líder, e os poucos que ficaram enfrentaram a miséria e a extinção, restando as cinzas e a história.
Bastante triste, o índio colheu um pouco das cinzas e foi embora. De muito longe, ainda ouviu o pássaro gritar:
- Talvez a aldeia tivesse uma chance com o pequeno fugitivo!
Compreendendo o ato da Natureza e destruindo o seu falso conceito, o índio voltou para as matas para se aliar à Natureza, por toda a eternidade, na prevenção de tudo quanto fosse pequeno e desprotegido.
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