Uruguai reabre na Justiça caso do sequestro de Lilian e Universindo
Luiz Cláudio Cunha, Sul21
No crepúsculo de fevereiro, alvorecer de 2012, a Justiça uruguaia aceitou enfim reabrir o caso dos uruguaios Universindo Rodríguez Díaz e Lílian Celiberti, sequestrados em novembro de 1978 em Porto Alegre, numa ação combinada de policiais do DOPS gaúcho e militares do Exército de Montevidéu. Agiam clandestinamente em território brasileiro no âmbito da ‘Operação Condor’, que caçava opositores das ditaduras do Cone Sul nos turbulentos anos 70 do século passado.
Universindo e Lilian, detida com seus dois filhos – Camilo (8 anos) e Francesca (3) -, foram torturados na sede do DOPS em Porto Alegre e nos quartéis de Montevidéu. Ficaram cinco anos presos, sob a falsa acusação de “invadir o país com armas e material subversivo”.
Libertados em 1983, dois anos antes da queda da ditadura uruguaia, foram os primeiros presos políticos a denunciar na justiça o regime de força, já em 1984, quando os militares ainda mantinham o poder.
Nenhum dos militares citados compareceu na época ao tribunal do Juzgado Penal de 7º Turno. O chefe do comando uruguaio em solo gaúcho, capitão Eduardo Ferro, teve a sua intimação judicial jogada no fundo do cofre do então comandante do Exército da ditadura, general Hugo Medina. E o caso morreu ali.
Até que, em julho passado, o presidente José Mujica, um ex-guerrilheiro Tupamaro preso e torturado pelo regime, mandou um decreto à Suprema Corte revogando todos os atos administrativos que impediam o julgamento de violações aos direitos humanos pela caduca ‘Ley de Caducidad’, que os militares se concederam como garantia de impunidade.
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