segunda-feira, 16 de abril de 2012


Panteísmo versus Panenteísmo

Uma visão cosmológica radical e coerente afirma que o sujeito último de tudo o que ocorre é o próprio universo. É ele que faz emergir os seres, as complexidades, a biodiversidade, a consciência e os conteúdos desta consciência pois somos parte dele.
Assim, antes de estar em nossa cabeça como idéia, a realidade de Deus estava no próprio universo. Porque estava lá, pôde irromper em nós. A partir desta compreensão, se entende a imanência de Deus no universo. Deus vem misturado com todos os processos, sem perder-se dentro deles. Antes, orienta a seta do tempo para a emergência de ordens cada vez mais complexas, dinâmicas (portanto, que se distanciam do equilíbrio para buscar novas adaptações) e carregadas de propósito.
Deus comparece, na linguagem das tradições transculturais, como o Espírito criador e ordenador de tudo o que existe. Ele vem misturado com as coisas. Participa de seus desdobramentos, sofre com as extinções em massa, sente-se crucificado nos empobrecidos, rejubila-se com os avanços rumo a diversidades mais convergentes e interrelacionadas, apontando para um ponto Omega terminal.
Deus está presente no cosmos e o cosmos está presente em Deus. A teologia antiga expressava esta mútua interpenetração pelo conceito "pericórese", aplicada às relações entre Deus e a criação e depois entre as divinas Pessoas da Trindade.
A teologia moderna cunhou outra expressão, o "panenteísmo" ( em grego: pan=tudo; en= em; theos=Deus). Quer dizer: Deus está em tudo e tudo está em Deus. Esta palavra foi proposta evangélico Frederick Krause (l781-1832), fascinado pelo fulgor divino do universo.
O panenteísmo deve ser distinguido claramente do panteísmo. O panteísmo (em grego: pan-tudo; theos=Deus) afirma que tudo é Deus e Deus é tudo. Sustenta que Deus e mundo são idênticos; que o mundo não é criatura de Deus mas o modo necessário de existir de Deus. O panteísmo não aceita nenhuma diferença: o céu é Deus, a Terra é Deus, a pedra é Deus e o ser humano é Deus.
Esta falta de diferença leva facilmente à indiferença. Se tudo é Deus e Deus é tudo, então é indiferente se me ocupo com uma menina estuprada num ônibus no Rio ou com o carnaval, ou com indígenas em extinção ou com uma lei contra a homofobia. O que é manifestamente um erro, pois diferenças existem e persistem.
Tudo não é Deus. As coisas são o que são: coisas. No entanto, Deus está nas coisas e as coisas estão em Deus, por causa de seu ato criador. A criatura sempre depende de Deus e sem Ele voltaria ao nada de onde foi tirada.(Noblat)
Leia a íntegra em Panteísmo versus Panenteísmo


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