Com o título “A mão que afaga é a mesma que apedreja”, eis artigo do publicitário e escritor Ricardo Alcântara. Ele prevê que o PT continuará na base de apoio do governador Cid Gomes (PSB), naquela base do “em nome da governabilidade”. Alguém duvida, como destaca o artigo, desse “embromation”?
Vem por aí, para cumprir uma longa temporada na Capital, um notável espetáculo de tergiversação. Um verdadeiro cirque du soleil ocupará a arena política com performáticos contorcionismos retóricos que por certo atrairão a atenção do respeitável público.
O show, que bem poderia chamar-se Embromation, pois disso não passa, conta em seu elenco com alguns parlamentares cearenses do PT. Eles farão de conta que acreditam na coisa e tentarão fazer com que uma parcela dos cidadãos acreditem naquilo que dirão.
O centro temático do espetáculo pode ser resumido a uma palavra que, de uns tempos para cá, anda muito em voga, sempre à ponta da língua quando necessário agregar alguma nobreza a concessões de toda ordem, boa parte delas inconfessáveis: go-ver-na-bi-li-da-de.
Governabilidade é aquilo que o PT faz quando entrega um ministério de “porteira fechada” (incrível, o poder de definição que esta expressão contém) ao PMDB para que ele continue votando como sempre votou desde que Tancredo foi jogar gamão com Getúlio.
Cabe aqui um parêntese (Governabilidade não é comprar o PMDB para que vote de acordo com o programa do PT. Ao contrário, tem sido pagar para que o PMDB continue sendo o que sempre foi e que o PT muito condenou, quando na oposição). Fecha parêntese.
Pois será sob o argumento da governabilidade que alguns petistas tentarão justificar a continuidade do apoio oferecido ao mandato de Cid Gomes, enquanto, na outra ponta, companheiros seus estarão em franca oposição ao prefeito da capital, eleito pelo governador.
A coisa vai ficar assim: “apoiamos o Cid para que ele apoie a Dilma”. Sim, mas e o Roberto Cláudio? “Esse fica fora do pacote”. O porquê, não dirão – certamente por se tratar de um detalhe ao qual somente alguns blogueiros, os inconvenientes de sempre, se dedicarão.
Poderão dizer ainda que permanecerão ao lado do governador porque foi lá que o povo os colocou há dois anos e que, pela mesma razão, ficarão contra o seu prefeito agora, pois, desta feita, foi para onde o povo os escalou: a oposição. Enfim, a parolagem vai comer solta.
O que ninguém conseguirá ocultar por todo o tempo – os desdobramentos da realidade não o permitirão, é que o partido estará dividido e, dividido, será mais vulnerável, o que não é inteiramente mal para o governador, ainda que venha a ser inoportuno para o seu prefeito.
* Ricardo Alcântara,
Publicitário e escritor.
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