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Figura simbólica da cidade de São Paulo, considerado o "pai" do samba paulista, Adoniran Barbosa foi criador de uma linguagem única. O nosso "Charles Chaplin brasileiro" sabia explorar como poucos a fronteira entre o trágico e o cômico.
Por Lydia Abud em 09 de Fevereiro às 15h08
“São Paulo é o túmulo do samba”: a famosa frase foi dita por Vinicius de Moraes ao amigo Johnny Alf, então morador da cidade, ao justificar porque tinha que voltar ao Rio de Janeiro. Vinicius não poderia imaginar que anos depois assinaria uma parceria com Adoniran, o samba “Bom dia tristeza”. Adoniran provou que Vinicius estava errado. São Paulo é bom de samba.
Adoniran Barbosa era o nome artístico de João Rubinato, nascido a 6 de agosto de 1910 em Valinhos (interior de São Paulo) e falecido na capital paulista em 23 de novembro de 1982. Foi um dos sete filhos de Francesco Rubinato e Emma Ricchini, imigrantes italianos de Cavarzere que desembarcaram na cidade de Santos em 1895.
Abandonou os estudos ainda no curso primário e fez de tudo um pouco para ajudar a pagar as contas de casa: foi balconista, tecelão, garçom, entregador de marmitas, encanador e pintor de paredes. No início dos anos 30, com 22 anos, Adoniran era vendedor de tecidos e andava pela cidade entregando encomendas. Logo descobriu que no Largo da Misericórdia, n°4, ficava o estúdio da Rádio Cruzeiro do Sul. Não demorou a se enturmar com os radialistas e artistas que encontrava na porta da rádio. Pouco tempo depois, largou o emprego de entregador de tecidos e iniciou carreira artística como radioator. Foi quando mudou seu nome para Adoniran Barbosa. A escolha foi uma dupla homenagem: a um colega chamado Adoniran Alves e ao sambista Luiz Barbosa. Além de radioator, Adoniran Barbosa foi ator de novelas e de cinema antes de se consagrar como sambista.
A convivência com as camadas populares fez de Adoniran um conhecedor das mazelas e da linguagem do povo. Com seu olhar de cronista e seu humor tragicômico, retratava o cotidiano de bairros habitados por imigrantes e operários como Bixiga (Bela Vista), Casa Verde e Jaçanã, sem nunca deixar de se solidarizar com seus personagens.
Em 1980, Elifas Andreato foi convidado a ilustrar a capa do LP que homenageava os 70 anos de Adoniran Barbosa. O artista plásticoretratou num desenho o palhaço triste que sempre vira em Adoniran. O diretor da gravadora, no entanto, achou a imagem ofensiva e pediu outra ilustração, que acabou se tornando a capa. Meses depois, Adoniran viu o retrato original e ligou para Andreato: “Elifas, eu sou esse palhaço triste, e não o alemão que você pôs na capa do disco”.
Assista à reportagem do Nocaute:
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