Huck: Tijolaço exibe a hipocrisia da Folha
"Jatinho" é jatinho, não é "avião"...
publicado 12/02/2018
Presidente e vice! (Reprodução: Blog do José Simão/UOL)
Por Fernando Brito, no Tijolaço:
O jato de Huck, a lei e a ética jornalística
A Folha, afinal, reproduziu a informação, publicada aqui, de que Luciano Huck recebeu um financiamento, a 3% ao ano, para a compra de seu jato particular (o nome é esse, sem rodeios) através do BNDES.
Fez com o devido crédito ao Tijolaço, embora, diferente do que se faz aqui, quando a notícia é da Folha, sem o link para a informação original.
É a matéria mais lida do site do jornal, mas o título original – “Huck usou empréstimo de R$ 17,7 mi do BNDES para comprar jatinho” -foi substituído, na capa, por “Empresa de Huck emprestou R$ 17,7 mi do BNDES para comprar avião”.
Emprestou?
Pau que dá em Chico pode acariciar Francisco, como se vê. Ou, pra usar o slogan daquela rádio: ” em 20 minutos tudo pode mudar”
Mas isto é assunto para aulas de jornalismo comparado que, lamentavelmente, se tornaram assunto de primeira linha.
As “defesas” de Huck centram-se em dois pontos: não é ilegal e foi concedido durante o governo Dilma Rousseff.
Ambas passam longe do questionamento essencial: o ético. Porque, desde a notícia postada ontem, não se acusa o apresentador de qualquer ilegalidade, mas pela imoralidade de ter usado uma linha de fomento a atividade empresarial para financiar um veículo particular – como o meu carro ou o seu, com uma “cobertura” empresarial.
Meu Ford Fiesta 1.0 não está no nome do Blog Tijolaço Comunicaçãoe não é, portanto, despesa operacional para efeitos fiscais. Não creio que um Phenom 500, de dez lugares, o deva ser.
Se a empresa Lils , do ex-presidente Lula. tivesse comprado os famosos pedalinhos, isso poderia ser legal, mas seria escandaloso.
Com Huck, não é.
Ou os outros jornais, menos pudicos que a Folha, estariam reproduzindo agora o que parece ser imoral.
A Brisair comprar o Phenom, com dinheiro subsidiado, não é?
Não é o mesmo que um caminhoneiro comprar um Scania para transportar soja.
A “defesa” de que foram centenas de milhares de contratos do Finame é uma furada. Os pequenos empresários são gratos ao BNDES, o crédito mais barato que têm, mas não podem pegar senão uma migalha do que Huck pegou.
Nunca sugeri que Huck deveria ser entregue a Sérgio Moro, embora ele receba da Petrobras por merchandising.
A fugaz menção na Folha não me orgulha, me envergonha.
Porque o fato é, escancaradamente, minimizado.
Os 40 anos desde que, como estagiário de O Globo, sentei diante de uma máquina de escrever, me fizeram amar os fatos.
Mesmo que isso me traga riscos e , até, certezas, de que não terei o direito de exercer a a minha profissão, senão por este caminho da independência,
O fato é fato quando é fato, ainda que abrandado em palavras de algodão.
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