Podcast: contribuições à campanha de esterilização em massa do Bolnossauro
Olá, tudo bem?
Esse podcast é sobre o projeto do candidato Jair Bolsonaro para erradicar a violência no Brasil: esterilizar os pobres!
Segundo o repórter Ranier Bragon, da Fel-lha de São Paulo, o presidenciável Jair Bolsonaro apresentou projetos e defendeu em discursos a esterilização dos pobres como meio de combater a criminalidade e a miséria.
Em 1992, ele disse que estava na hora de se adotar uma rígida política de controle da natalidade para conter o crescimento dos miseráveis que proliferam cada vez mais.
Em fevereiro de 1993, defendeu a pena de morte e o rígido controle da natalidade, porque… quem não tem condições de ter filhos não deve tê-los.
Em dezembro de 2003, declarou:
"Já está mais do que na hora de discutir uma política para conter a explosão demográfica.
Caso contrário ficaremos votando nesta casa" - a Câmara dos Deputados - "apenas matéria tipo Bolsa Família."
O Capitão Bolsonaro é o único candidato que resta à Casa Grande.
O outro, o Santo do Alckmin, não passa de Pindamonhangaba.
É uma pena que a Casa Grande não tenha um candidato que possa chamar de seu.
E dele vangloriar-se, como os ladrões do Serra e do Aécio.
Sem falar naquele, o Príncipe da Privataria que, com o Daniel, tomava uma grana da Odebrecht.
Legítimos representantes da Casa Grande!
Sobrou o Capitão Bolnossauro, um, digamos assim, bastardo segundo os critérios senhoriais.
O Conversa Afiada tem algumas sugestões ao discípulo do Coronel Ustra para esterilizar em massa.
Por exemplo, encomendar martelos para aplicar marteladas no saco dos nordestinos.
Contratar à alemã IG Farben carregamentos do inseticida Zyklon-B e injetar nos meios de transporte coletivo do Nordeste.
Para sufocá-los, como nos campos de concentração hitlerista.
Ou lançar esterilizantes líquidos na bacia do rio São Francisco, nas usinas da Chesf e no Cinturão das Águas do Ceará - ideia, aliás, que nem original é…
Instalar barraquinhas de aborto forçado nas feiras do Nordeste.
Aproveitar, por exemplo, as festas, agora, de São João, em Campina Grande e em Caruaru, para começar a obra.
O momento alto dessa campanha saneadora seria aproveitar a Copa do Mundo da Globo e o patrocínio da Johnson & Johnson e enfiar na glande de todo macho nordestino duas camisinhas!
Se furar uma, a outra impede a passagem do futuro(a) facínora.
Por fim, o Conversa Afiada sugere que Capitão Bolnossauro recorra às melhores técnicas nazistas de esterilização.
Por exemplo:
O governo nazista esterilizou cerca de 400.000 pessoas com injeções intravenosas de iodo e nitrato de prata
É verdade que elas provocavam efeitos colaterais indesejados, como sangramento vaginal, dor abdominal grave e câncer do colo uterino.
A radiação, porém, era o tratamento favorito dos nazistas para a esterilização. A exposição de pessoas à radiação destruía sua capacidade de produzir óvulos ou espermatozóides.
A radiação foi administrada enganando os presos: eram levados para uma sala e pedia-se o preenchimento de formulários, o que levava dois a três minutos.
Alguns eram submetidos a sessões de raio X, mas, na realidade, estavam sendo expostos à radiação.
O tratamento de radiação era administrado sem o conhecimento dos presos, tornando-os completamente estéreis. Muitos sofreram graves queimaduras por causa das radiações.
Esses métodos eficientíssimos foram aplicados, por exemplo, no campo de Auschwitz.
Como se vê, a tecnologia do Bolnossauro ainda precisa ser aperfeiçoada.
Talvez ele não tenha captado todas as lições do coronel Ustra.
sábado, 9 de junho de 2018
Guerra, ocupação e tutela colonial: a “invenção ocidental” do Oriente Médio
por José Luís Fiori
L’invention du Moyen-Orient contemporaine date de la Première Guerre mondiale et de l’éffondrement de l’Empire ottoman sur la base de découpages territoriaux décidés par les deux grandes puissances coloniales de l’époque, la France et la Grande Bretagne. En quelques années, eles ont ainsi scellé le destin des peuples de cette région en les sommant de vivre à l’interieur de frontières imposées sans que leurs aspirations et leurs intérêts soient pris en compte.
Pierre Blanc et Jean-Paul Chagnollaud. L’invention tragique du moyen-orient. Editions Autrement, Paris, p. 11.
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Depois do Vietnã, praticamente todas as guerras do sistema mundial que envolveram as “grandes potências” foram travadas no Oriente Médio. Uma região do mundo que pertenceu ao antigo Império Otomano (1299-1920) e que foi entregue pelas potências vitoriosas à tutela da Grã-Bretanha e da França, logo depois do fim da Primeira Guerra Mundial, porque era habitada por povos que “não eram capazes ainda de se dirigir a si mesmos”, segundo o artigo 22 do Pacto da Sociedade das Nações, datado de 1919. Nesse território foram implantados, progressivamente, os estados ou emirados da Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Chipre, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Israel, Irã, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Palestina, Síria e Turquia. Todos eles, com exceção do Egito, do Irã e da Turquia, concebidos e criados artificialmente, pelas duas potências coloniais europeias nas décadas que se seguiram à Primeira Guerra, e em menor número, depois da década de 70, após a retirada definitivas das últimas tropas inglesas da região do Golfo Pérsico. Em 2004, depois da Guerra do Iraque, o presidente norte-americano George W. Bush propôs a ampliação do antigo território do Oriente Médio e a inclusão de dez novos países situados entre Marrocos e o Paquistão, dentro do que ele chamou de “Grande Médio Oriente”, onde se propunha levar a cabo um grande projeto de “conversão árabe” aos valores da “democracia”, do “mercado” e dos “direitos humanos. Nesse território, depois do início da Guerra do Líbano, em 1975, ocorreram mais cinco grandes guerras, ainda durante a Guerra Fria, e mais oito guerras depois de 1990, sem incluir as 10 ou 15 revoluções e guerras civis que contaram com algum tipo de intervenção direta ou indireta das “grandes potências ocidentais”.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depôs, por videoconferência, como testemunha, na ação penal que apura se autoridades brasileiras compraram votos de membros do COI (Comitê Olímpico Internacional). São réus na ação, entre outros, Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, e Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil).
O momento acabou, com efeito, sendo emblemático dos dias em curso. Houve ali uma espécie de sumo e de síntese deste tempo. Atenção! De saída, deixo claro: não sei se houve compra de voto ou não. Não sou Justiça. Conheço a acusação. Vamos ver os desdobramentos. Uma lembrança: Lula prestou depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, como testemunha de defesa de Cabral. De saída, destaco duas coisas: a: a suposta tietagem de Bretas, que fez mesuras um tanto ambíguas a Lula no fim do depoimento, de olho na própria reputação, tentando usar o ex-presidente como escada; b: a evidência, mais uma vez expressa, de que o Ministério Público Federal e setores do Judiciário ignoram o que seja política e que só ganhou a saliência que tem no atual estágio da história brasileira porque criminaliza a mais nobre e mais importante prática das democracias: justamente a… política! É a única alternativa que temos à guerra de todos contra todos.
Começo pelo segundo aspecto. Ficou evidente que Marcelo Bretas e os dois representantes do Ministério Público Federal não sabiam o que perguntar a Lula. Não haviam se preparado para a audiência. Reitero: se houve safadeza ou não, não posso afirmar nem uma coisa nem outra. Em tendo havido, e sendo Lula quem era naquele caso, nem Ministério Público nem juiz conseguiram fazer uma única, uma miserável que fosse, questão relevante que ensejasse ao menos algum esclarecimento da defesa de Cabral. Nada vezes nada. E essa tem sido a rotina. Tanto é assim que qualquer aferição técnica de credibilidade daria um placar de 10 a zero a favor de Lula. Vamos ver.
Quando a palavra foi passada ao Ministério Público Federal, o procurador quis saber se Lula havia se encontrado, alguma vez, com Nuzman. Com a devida vênia, a resposta é óbvia porque a pergunta estúpida. Ora, eu, que não acompanho esse troço, sei que sim. Estranho seria se o presidente do COB não se encontrasse com o presidente da República, que havia transformado o desejo de o Rio sediar a Olímpiada numa questão geopolítica. Notem que, mais uma vez, não entro no mérito se a coisa, em si, foi positiva ou não.
Lula disse ter-se encontrado várias vezes, mas não lembrava quantas. Alguma vez com a presença de africanos?, quis saber o farejador. Ora, sim, claro!, afinal o Brasil estava de olho nos votos da África.
E o ex-presidente, então, ofereceu a deixa para o momento mais constrangedor do depoimento, protagonizado pela representante do Ministério Público, Cristina Groba Vieira. A imprensa nem se deu conta porque, também ela, anda um tanto esquecida do que é política. Especializou-se, com raras exceções, na linguagem da polícia, que lhe é soprada por vazadores do MPF, da PF e da Justiça.
Lula afirmou que fez, sim, um trabalho junto a países africanos, continente no qual ele era um verdadeiro “pop star” — isso digo eu, e é fato —, cumprindo, aliás, uma obrigação uma vez que uma cidade brasileira era candidata a sediar o evento. Num dado momento, o ex-presidente afirmou que deixou claro aos africanos que o Rio sediar uma Olimpíada abria caminho para que o continente africano viesse a receber os jogos.
Essa frase despertou na procuradora o olfato para o crime. A pergunta feita por ela, ensejada pela fala de Lula, é das coisas mais patéticas jamais ouvidas num tribunal. Ela quis saber, então, se Lula havia prometido aos africanos alguma vantagem indevida. Venham cá: digamos que Lula tenha dito aos africanos: “Apoiem o Brasil, e o Brasil passará a defender que a África seja sede dos jogos”. O que haveria de errado nisso? É uma estupidez! Deu a Lula o pretexto para lembrar: “Eu viajei 34 vezes para a África. Visitei 29 países na África. Abri 19 embaixadas na África. Levei a Embrapa para a África…”
Se Lula estivesse solto, e se o Ministério Público e o juiz Marcelo Bretas lhe dirigissem perguntas uma vez por semana, ele se elegeria no primeiro turno…
Depois foi a vez de o juiz perguntar a Lula se tinha ouvido a conversa de que o Rio sediar a Olimpíada era uma espécie de etapa prévia da candidatura de Sérgio Cabral à Presidência… O petista afirmou nada saber a respeito. Mas venham cá: e se fosse? Os crimes de Sérgio Cabral não estariam nessa pretensão, certo?
Finalmente Noto, finalmente, que o juiz Marcelo Bretas resolveu abrir espaço para a demagogia pessoal. Embora tenha advertido Lula para não fazer proselitismo político, ele próprio, o juiz, deu-se ao desfrute de lembrar a importância de Lula para o Brasil e disse que, aos 17, 18 anos, estava num comício petista com mais de um milhão de pessoas e coisa e tal.
Bretas o fazia para puxar o saco de se Lula? Não! Estava apenas puxando o saco de si mesmo. Pretendeu, com isso, demonstrar que é um juiz isento, que não tem adernamento ideológico nenhum, que cumpre a sua função com rigor técnico. Bem, convenham: estivesse Lula depondo como réu, isso ainda poderia fazer algum sentido. Mas ele era testemunha. Bretas usava o ex-presidente como escada para tentar robustecer a sua mitologia pessoal.
Rápido, como de hábito, Lula emendou, rindo discretamente: “Pode voltar agora. Quando eu fizer um comício, vou chamar o senhor para participar”.
Pois é… Lula sabe que tão cedo não fará comício nenhum. Com efeito, seus adversários têm mesmo o que comemorar. Até agora, em todas as audiências de que participou, não importa em que condição, o MPF não conseguiu apresentar uma única evidência que tenha encostado o ex-presidente na parede.
Nem era o caso da sessão desta terça. Ele era testemunha apenas. Mesmo assim, teve um desempenho notável e, ora vejam, deu ao Ministério Público Federal e ao juiz Marcelo Bretas uma aula prática sobre política.
Se toda a operação foi criminosa, que o MPF apresente as evidências. Mas uma coisa é certa: essa gente não sabe o que é e para que serve a política. Todos sabem que acho que o PT fez um mal imenso ao país. Eu fui o mais dedicado cronista desses malefícios. Mas não se combate o petismo combatendo a política. Ao contrário: isso ajudou a ressuscitar o partido e esta empurrando o país para o abismo.