Guerra, ocupação e tutela colonial: a “invenção ocidental” do Oriente Médio
por José Luís Fiori
L’invention du Moyen-Orient contemporaine date de la Première Guerre mondiale et de l’éffondrement de l’Empire ottoman sur la base de découpages territoriaux décidés par les deux grandes puissances coloniales de l’époque, la France et la Grande Bretagne. En quelques années, eles ont ainsi scellé le destin des peuples de cette région en les sommant de vivre à l’interieur de frontières imposées sans que leurs aspirations et leurs intérêts soient pris en compte.
Pierre Blanc et Jean-Paul Chagnollaud. L’invention tragique du moyen-orient. Editions Autrement, Paris, p. 11.
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Depois do Vietnã, praticamente todas as guerras do sistema mundial que envolveram as “grandes potências” foram travadas no Oriente Médio. Uma região do mundo que pertenceu ao antigo Império Otomano (1299-1920) e que foi entregue pelas potências vitoriosas à tutela da Grã-Bretanha e da França, logo depois do fim da Primeira Guerra Mundial, porque era habitada por povos que “não eram capazes ainda de se dirigir a si mesmos”, segundo o artigo 22 do Pacto da Sociedade das Nações, datado de 1919. Nesse território foram implantados, progressivamente, os estados ou emirados da Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Chipre, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Israel, Irã, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Palestina, Síria e Turquia. Todos eles, com exceção do Egito, do Irã e da Turquia, concebidos e criados artificialmente, pelas duas potências coloniais europeias nas décadas que se seguiram à Primeira Guerra, e em menor número, depois da década de 70, após a retirada definitivas das últimas tropas inglesas da região do Golfo Pérsico. Em 2004, depois da Guerra do Iraque, o presidente norte-americano George W. Bush propôs a ampliação do antigo território do Oriente Médio e a inclusão de dez novos países situados entre Marrocos e o Paquistão, dentro do que ele chamou de “Grande Médio Oriente”, onde se propunha levar a cabo um grande projeto de “conversão árabe” aos valores da “democracia”, do “mercado” e dos “direitos humanos. Nesse território, depois do início da Guerra do Líbano, em 1975, ocorreram mais cinco grandes guerras, ainda durante a Guerra Fria, e mais oito guerras depois de 1990, sem incluir as 10 ou 15 revoluções e guerras civis que contaram com algum tipo de intervenção direta ou indireta das “grandes potências ocidentais”.
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