sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Conciliação

Merval Pereira, O Globo

O insuspeito sociólogo Luiz Werneck Vianna, homenageado no recente 15º Encontro da Sociedade Brasileira de Sociologia com o prêmio Florestan Fernandes, defendeu em entrevista ao “Valor Econômico” uma posição
bastante independente com relação à Comissão da Verdade, servindo para colocar nos trilhos a pretendida revisão da Lei de Anistia de 1979.

“A minha posição não acompanha as posições majoritárias aí na intelligentsia. Acho que a gente deve recuperar a história, mas o passado passou, é página virada”, definiu Werneck Vianna, lembrando que cada país tratou do assunto delicado de acordo com as suas circunstâncias.

“A esta altura, rasgar a Lei da Anistia seria jogar o país numa crise, não sei para quê”, assinala o sociólogo.

O mais importante no raciocínio de Werneck Vianna, no entanto, é o que toca em outro tabu da política brasileira: os que estão querendo reabrir a questão são, na sua definição, “as forças derrotadas, ou seja, a luta armada”.
E os que fizeram os acordos “que nos trouxeram à democracia” foram as grandes lideranças políticas que, segundo o sociólogo, “tiveram muito clara esta questão: anistia real, geral e irrestrita”.

Werneck Vianna insiste: “Não foram elas (as forças derrotadas) que nos trouxeram à democracia. Nos momentos capitais, ela não estava à frente, na luta eleitoral, na luta política, na Constituinte. (O deles) era um outro projeto.”

A idéia de rever a anistia é, para o sociólogo, “politicamente anacrônica. O país foi para a frente”. Para ele, “os direitos humanos dizem respeito aos vivos. Aos mortos, o velho direito de serem enterrados como Antígona (protagonista da tragédia grega de Sófocles) quis enterrar o irmão em solo pátrio. É o que esta Comissão da Verdade está fazendo”.

Leia a íntegra em Conciliação

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