quarta-feira, 24 de outubro de 2012


Lula: com ‘edema na garganta, tenho que falar pouco para fazer campanha de Dilma em 2014’
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Em campanha na região Nordeste, Lula participou de comício do candidato do PT à prefeitura de Fortaleza, Elmano de Freitas. Abriu o discurso assim: “…Eu ainda tenho um edema na garganta e eu tenho que falar pouco e tomar muita água para que eu possa estar curado para, em 2014, tá fazendo campanha pra Dilma se reeleger presidente da República nesse país.”
A passagem de Lula pela capital do Ceará coincidiu com a escalada de críticas do PSB local à prefeita petista Luizianne Lins, madrinha da candidatura de Elmano. Antes entoados pelo ex-ministro Ciro Gomes, os ataques passaram a ser verbalizados também pelo irmão-governador Cid Gomes, que se licenciou do cargo para mergulhar na campanha de Roberto Cláudio, o candidato do PSB à prefeitura.
Enquanto Lula discursava, uma revoada de pombos entrecortou-lhe a fala. O orador fez da interrupção uma oportunidade: “Essas pombas são para dizer ao nosso adversário: não adianta ficar nervoso, não adianta xingar, que nós somos de paz. Não queremos briga, não queremos ofensa, queremos apenas ganhar a eleição. Se vocês querem briga, nós queremos apenas o Elmano na prefeitura.”
Na véspera, Cid Gomes referira-se a Luizianne em termos pouco afáveis: “Ela não gosta de trabalhar e passa o tempo fazendo confusão. […] Depois de ser prefeita, que importância ela tem? Ela é vaidosa demais, é arrogante demais, é personalista demais, e nada que não seja um espelho pra ela tem valor.”
No ano passado, Luizianne dissera que elegeria até “um poste”. Os irmãos Gomes aproveitam-se do fato para realçar a “arrogância” que enxergam na prefeita, uma ex-aliada do PSB. Servindo-se da ironia, Lula disse que, se Elmano é um “poste”, o antagonista Roberto Cláudio é “um candeeiro apagado”.
Lula repetiu o que dissera em comício realizado no final de semana em Campinas, onde lançou outro “poste”, o ex-presidente do Ipea Marcio Pochmann. “Quando lancei o Haddad em São Paulo, ele era um poste. A Dilma era um poste. O Elmano é um poste. Então, de poste em poste, nós vamos iluminar o Brasil inteiro.”
Sem mencionar os nomes de Cid e Ciro, o puxador de votos do PT como que endossou o governo da alvejada Luizianne. Afirmou que, assim como sucedeu com ele na Presidência, ela “vai sair pela porta da frente” da prefeitura ao término dos seus oito anos de mandato, em dezembro.
A prefeita discursou antes de Lula. Foi menos sutil. Grudou em Cid Gomes uma patente. E no candidato dele uma qualificação pouco lisonjeita “Fortaleza não vai suportar coronel nem filhote de coronel produzido dentro dos gabinetes.” Insinuou que, ao atacá-la os Gomes atingem a mulher cearense. É “machismo vindo daqueles que acham que Fortaleza suporta oligarquia familiar arrogante, prepotente.”
Dizendo-se honrada pela presença do visitante ilustre, Luizianne vendeu-se à plateia como “cria do Lula.” Meia verdade. Ela tornou-se prefeita em 2004 contra a vontade do então presidente e da cúpula do PT federal. Reelegeu-se em 2008 com o suposto apoio de Lula, que se absteve, no entanto, de pedir votos nos palanques da Fortaleza de quatro anos atrás.
Há algo de diferente na cena de 2012. O PSB enfrenta o PT em diversas praças. Por trás do enfrentamento esconde-se o projeto presidencial do governador pernambucano Eduardo Campos. Cid e Ciro dizem considerar prematuro o voo do companheiro Eduardo. Pelo sim, pelo não Lula tenta evitar que se repita em Fortaleza o infortúnio de Recife, onde o petista Humberto Costa foi batido no primeiro turno pelo “poste” Geraldo Julio, do açanhado PSB.
De Fortaleza, Lula voou para João Pessoa. Dali, foi a Salvador, onde participará nesta quarta (24) de carreata de Nelson Pelegrino, o petista que mede forças com ACM Neto, do DEM.

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