Marcos Cals disputando a Prefeitura? É pouco
Com o título “Afasta esse de ti, Cals”, eis artigo do publicitário Ricardo Alcântara sobre decisão de Marcos Cals, presidente estadual tucano, de fomentar uma frente anti-PT em Fortaleza. Para o articulista, isso poderá resutlar num caos político. Confira:
Está nos jornais. O tucano Marcos Cals articula em torno de seu próprio nome uma frente de partidos “de centro” para lançar sua candidatura à prefeitura de Fortaleza com um perfil predominantemente “anti-PT”.
Vai dar com os burros n’água. Não terá nenhuma chance um candidato que entre na disputa apresentando como eixo central de sua mensagem a desconstrução de Luizianne Lins a partir de sua identidade petista.
Encontrarão pela frente dificuldades diversas. A primeira delas é que Luizianne não será mais a candidata, mas outro, que, embora conte com o seu apoio, receberá a oportunidade de se identificar com novas esperanças.
Outra dificuldade do “antiluizianismo” seria associar por completo uma gestão até aqui mal avaliada com o projeto político nacional liderado pelo seu partido, amplamente apoiado pela maioria da população.
Uma combinação habilidosa das oportunidades que oferecem ao candidato petista os fatores citados acima já seria suficiente para levá-lo ao segundo turno, caso tenham o juízo de indicar alguém com densidade eleitoral.
Há outros desafios. O êxito de um posicionamento vigoroso como aquele requer potencialidades que os agentes disponíveis nos setores liberais não dispõem no momento, nem o terão em doze meses.
Vamos lá. As forças aglutinadas em torno do projeto atendem ao comando de lideranças em franco declínio. E mais. Não há nome que os represente com suficiente carisma para dar curso à demolição. Marcos Cals? É pouco.
Caso insistam por aí os tucanos e seus agregados, o mais provável é que o candidato da aliança PT-PSB, caso ela se mantenha, tenha que enfrentar em segundo turno um “adversário” de seu próprio campo – PCdoB, PDT, por aí.
“Adversário” entre aspas porque a candidatura projetaria promessas de diferenciais qualitativos em relação à gestão atual, mas sem discrepar no fundamental – o promissor, aos olhos do eleitor, projeto nacional petista.
Um antipetismo sem disfarces exalaria um mal disfarçado odor de elitismo, facilmente identificável pela sociedade que, segundo as pesquisas, de sua presença no poder não guardou nenhum vestígio de nostalgia.
Claro, a cidade deseja um governo melhor e no momento certo ela o dirá com todas as letras. O candidato petista será pressionado a se explicar sobre diversas questões. Na percepção coletiva, o déficit é expressivo.
Avaliar até que ponto o sentimento popular foi tocado por carências não contempladas ou por uma má condução na forma como a prefeita e o seu coletivo gestor se comunicou com a cidade não é objeto desta análise.
Mas quem quiser ocupar esse terreiro de frustrações pragmatize o discurso. Discuta a cidade em termos consistentes. Não significa anular a dimensão política da disputa, mas dar maior relevância às necessidades imediatas.
A administração municipal não vive uma crise ética. Tão pouco é submetida a algum tipo de perversão corporativa ou a interesses privados acentuados. Nada disso. A crise é de gestão: planejamento, operação e comunicação.
Dar primazia política ao debate na disputa local seria enfrentar o petismo no seu mais favorável território, ocupado por um general de numeroso exército, Luís Inácio da Silva. Ora, procurem coisa melhor para fazer.
A esse “antipetismo”, ao qual já se associa um recente “antigomismo”, não custa lembrar que, no caso, o ressentimento dos preteridos é o pior veneno para o candidato da oposição. Se queres vencer, afasta de ti esse cálice, Cals. (Eliomar de Lima).
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