Caçada a bin Laden
Nicholas Schmidle, The New Yorker
"Pouco depois das onze da noite do dia 1º de maio, dois helicópteros MH-60 Black Hawk saíram do aeroporto de Jalalabad, no Afeganistão, e embarcaram numa missão secreta que os levaria ao Paquistão para matar Osama bin Laden.
Nas aeronaves estavam 23 SEALS da Marinha, do Grupo Seis, conhecido oficialmente como Grupo Especial de Desenvolvimento de Guerra Naval (em inglês DEVGRU).
Também estavam a bordo um tradutor americano de origem paquistanesa, a quem chamarei de Ahmed, e um cachorro chamado Cairo, um pastor belga. Era uma noite de lua nova e os pilotos dos helicópteros, com óculos de visão noturna, voaram sem luzes sobre as montanhas que percorrem a fronteira com o Paquistão.
As comunicações por rádio foram reduzidas ao mínimo e uma estranha calma se instalou na cabine.
Quinze minutos mais tarde os helicópteros estavam sobre um vale alpino e penetravam, sem ser percebidos, no espaço aéreo paquistanês. Há mais de 60 anos que o Exército desse país mantém um estado de alerta contra seu vizinho do leste, a Índia. Devido a essa obsessão “as principais defesas aéreas estão voltadas para leste”, explica Shuja Nawaz, um estudioso do Exército paquistanês, autor do livro “Espadas Cruzadas: Paquistão, seu Exército e as Guerras Internas”.
Vários oficiais e altos funcionários do Governo concordam com essa avaliação, mas um militar paquistanês de alta patente, com quem conversei em Rawalpindi, discorda: "Ninguém deixa suas fronteiras desamparadas”.
Apesar de recusar-se a dar detalhes sobre a localização ou direcionamento dos radares paquistaneses – “Não se trata de onde estão ou deixam de estar os radares” – disse que a infiltração americana foi consequência “do desnível tecnológico entre os EUA e o Paquistão”.
Os Black Hawks, cada um deles com dois pilotos e uma tripulação formada por soldados do 160º Regimento de Operações Especiais da Aeronáutica, também conhecidos como “caçadores noturnos”, foram adaptados para mascarar o calor, o ruído e o movimento que faziam; a parte externa tinha ângulos afilados e achatados, cobertos por uma “pele” antirradar.
O destino dos SEALS era uma casa na pequena cidade de Abbottabad, a 190 km da fronteira, nas colinas da serra de Pir Panjal, considerada um refúgio no verão, por seu clima agradável. Fundada em 1853 por um comandante britânico chamado James Abbott, ela se tornou a sede da prestigiada academia militar desde a criação do Paquistão em 1947.
Segundo a CIA, bin Laden estava escondido no terceiro andar de uma casa em um compound da Kakul Road, em Bilal, bairro de classe média a 1,5km da academia. Se tudo corresse como planejado, os SEALS saltariam dos helicópteros dentro do compound, dominariam a guarda de Bin Laden, disparariam de muito perto para matá-lo e levariam o corpo para o Afeganistão."
Leia a íntegra em Caçada a bin Laden no blog do Noblat.
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