segunda-feira, 7 de maio de 2012

Fotografia: Distorções (1933)

A obra: 
Kertész não foi convencional. Então também não serei: falo dele, de sua vida, mas as imagens que trago para vocês, e que verão entre um parágrafo ou outro, são fotos de dois de seus mais marcantes projetos: Leitura e Distorções.
Começo com essas últimas, fotos que ele fez no ano de 1933, em Paris. São cerca de 200 fotografias das modelos Najinskaya Verackhatz e Kasine Nadia retratadas nuas e distorcidas em várias poses, refletidas em espelhos, daqueles utilizados em parques de diversões para retorcer as pessoas. Veremos três hoje e três amanhã.
O artista:
André Kertész (nascido Andor Kertész em 2 de julho de 1894, na Hungria), ficou conhecido por suas composições provocadoras e é considerado um dos pais dos ensaios fotográficos. Em vida, os ângulos pouco ortodoxos de suas fotos, que impediam descrições alongadas das imagens, foram os responsáveis pelo fato de seu nome não se tornar muito conhecido.
Hoje em dia, no entanto, Kertész é considerado uma das figuras seminais do foto-jornalismo. Basta mencionar o que disse dele Henri Cartier-Bresson: “Todos nós devemos alguma coisa a Kertész”.


Nascido em Budapest, filho de um livreiro, Kertész aprendeu sozinho a usar uma câmera: arrumando o sótão de casa, encontrou um velho manual sobre como tirar fotos. Leitor compulsivo e curioso, resolveu ler e desde esse episódio, seu interesse pela fotografia só fez se consolidar. Comprou uma câmera e passou a fotografar sempre que podia. Isso foi em 1913.
Seu pai morreu ainda jovem, vítima da tuberculose, deixando sua mãe viúva com 3 filhos. O tio materno, Lipót Hoffman, corretor na Bolsa de Valores de Budapeste, responsabilizou-se pela família da irmã. Foram todos viver na casa de campo de Hoffman.


Em 1914, Andor alistou-se no exército austro-húngaro; foi nesse período, em plena I Guerra Mundial, que publicou sua primeira foto. Decidiu que seria fotógrafo profissional. Ferido, foi dispensado do exército mas teve que ficar um ano imobilizado. Em 1917, todos os seus negativos foram destruídos durante a Revolução Húngara e ele, desiludido, acabou aceitando o destino que a família traçara para ele: trabalhar com o tio na Bolsa de Budapeste.
Mas aquele não era seu caminho, como veremos durante esta semana. Não é a primeira vez que falamos em Kertész aqui no Blog do Noblat. Mas vocês não acham que sendo um dos pais do foto-jornalismo ele merece essa homenagem?


• Acervo Espólio André Kertész

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