domingo, 25 de agosto de 2013


Publicado em 25/08/2013

“MAIS MÉDICOS”.
ASSIM COMEÇA A XENOFOBIA

O Dr. CRM pode tentar mudar o regime em Cuba. Muita gente em Miami se dedica a isso desde 1959
Em 1960, a mulher brasileira tinha seis filhos, na média.

Hoje, 1,9.

O que é inferior à necessidade para reproduzir a população: 2,1 filhos.

Tão certo quanto a Veja e a Folha (*) vão fechar, o Brasil vai precisar de trabalhadores estrangeiros.

Agora, médicos.

Depois, professores, engenheiros, físicos nucleares, e jornalistas.

Já imaginaram se a Globo nomeasse um jornalista da BBC para dirigir seu jornalismo ?

Como fez o New York Times.

Ou o Otavinho trouxesse um jornalista do Guardian da Inglaterra para dar um jeito nesse colonismo (**) alucinado ?

A feroz campanha contra o “Mais Médicos” – leia aqui a fábula do Dr CRM e aqui para votar na trepidante enquete o “como identificar um Dr CRM- é a oitava de final do racismo que se embrenha na nascente xenofobia brasileira.

Breve assistiremos às cenas degradantes dos haitianos que são devolvidas da costa da Florida.

Os africanos que não conseguem entrar em solo italiano.

Aliás, não precisa ir muito longe: a entrada de haitianos pelo Norte do Brasil e o assassinato de uma criança boliviana na Chuíça (***) são o prenúncio dessa onda de ódio que se aproxima, inevitavelmente.

Afinal, o Brasil foi o último país a abolir a escravidão.

O porto do Rio foi o maior porto escravista da História da Humanidade.

Os médicos cubanos – muitos negros, como a população de Cuba – são recepcionados pelo PiG (****) com os barcos da Guarda Costeira americana.

Neste domingo, a Folha exibe dois exemplares desse comitê de recepção: o dos múltiplos chapéus, que encontra sempre um subterfúgio para engrossar o caldo dos preconceitos da Big House; e a Tancanhêde, que não usa subterfúgio nenhum – ela, como o Cerra, é a “mais consistente”.

Não é à toa que faz parte do elenco das “suaves apresentadoras” da GloboNews.

E se não fossem os morenos cubanos, mas os louros, de olhos azuis, americanos de Detroit, que precisam mais de emprego que os cubanos ?

O que diria a Tacanhêde, que defendeu os pilotos do Legacy que não ligaram o transponder ?

E o dos chapéus, correspondente da Amazon no Brasil, o embaixador honorário de Harvard ?

Eles deixariam o Einstein dar aula em Princeton ?

A Hannah Arendt lecionar na New School ?

O Lévi-Strauss na USP ?

Os médicos cubanos têm emprego em Cuba.

Estão aqui numa missão temporária, se quiserem.

O emprego está lá, com o salário que sempre receberam do Estado.

Ainda não foi possível instalar um Sírio em Havana.

Aqui, receberão um estipêndio para despesas extras.

É diferente dos médicos argentinos, portugueses ou espanhóis.

Porque o regime cubano é diferente do que vige em Portugal, Espanha e na Argentina.

O Dr CRM e seus porta-vozes pigais (****) podem tentar mudar o regime político em Cuba.

Muita gente em Miami se dedica a isso desde 1959.

Mas, cubanos, negros, levar médicos a quem não tem – a questão não é essa.

A Tacanhêde e o dos múltiplos chapéus – e seus correligionários – perceberam que o “Mais Médicos” é o Bolsa Família da Saúde.

Daqui a dez anos, eles mesmos vão dizer que isso foi ideia da D. Ruth Cardoso.

Quando, claro, o Padilha tiver cumprido o seu segundo mandato no Governo de São Paulo.

O racismo e a xenofobia sempre encontram uma expressão política.

E, para isso, está o PiG à disposição.
Em tempo: Comentário de Vandeck Santiago:
Dos 4 mil médicos q vêm p/ o Brasil, 84% têm + de 16 anos de experiência,48% têm pós-graduação e 89% têm + de 35 anos

Em junho, índice era de 47%, informa a ‘Folha de S.Paulo’.

Desaprovação da contratação de estrangeiros caiu de 48% para 40%.
Paulo Henrique Amorim

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