quinta-feira, 17 de julho de 2014

Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
17.7.2014
| 12h00m
OBRA-PRIMA DO DIA (ARQUITETURA)

A Grande Mesquita de Kairouan

No centro da Tunísia, numa planície que fica equidistante do mar e da montanha, Kairouan é a mais antiga base árabe-muçulmana no Magreb e uma de suas principais cidades sagradas. O Magreb, ‘poente’ ou ‘ocidente’ em árabe, região noroeste da África, é dividido em Pequeno Magreb e Grande Magreb. A Tunísia faz parte do Pequeno Magreb.


Toda a região foi dominada pelos árabes e por sua religião, o Islã, durante mais de 1300 anos. A Grande Mesquita de Kairouan (acima), do século IX, é um dos mais importantes monumentos do Islã, mas é também uma obra-prima da arquitetura universal.


O conjunto, composto ao sul por uma sala de orações (acima) com dezessete naves sustentadas por colunas de mármore ou pórfiro e ao norte por imenso pátio pavimentado por lajotas e delimitado por pórticos que têm como eixo um elegante minarete com três andares, mede 155 x 80 m (abaixo).


Fundada apenas trinta e oito anos após a morte do Profeta, não é de surpreender que sete peregrinações à Kairouan possam susbstituir a obrigatória peregrinação à Meca. 

Kairouan é uma das cidades sagradas e uma das capitais espirituais do Islã. O conjunto histórico de Kairouan, com o complexo religioso ao centro, e as ruas e vielas da cidade que o abriga, conserva, sem alteração, tanto o tecido urbano quanto os componentes artísticos e arquiteturais. Todos os elementos fazem parte do valor de Kairouan e contribuem para a integridade desse Patrimônio Universal da Humanidade.



Acima, a cúpula em nervuras, um dos pontos altos da arquitetura de Kairouan. Do ponto de vista estético, a Grande Mesquita é considerada o mais belo edifício da civilização muçulmana no Magreb. Sua idade e a qualidade de sua arquitetura fazem dela uma joia islâmica. Mas sua importância, para os muçulmanos, vai muito além de sua estética: ela é considerada a responsável pela importância da islamização em todo o Ocidente muçulmano.



Vista do exterior, a Grande Mesquita de Kairouan parece uma fortaleza e se impõe pelas paredes maciças com 1m90 de espessura feitas com pedras bem aparelhadas.


No final do século XIX, o escritor francês Guy de Maupassant ao relatar suas viagens no livro La Vie Errante, definiu assim seu fascínio pela Grande Mesquita: “a harmonia única desse templo vem da proporção e do número de pilares que sustentam o edifício, preenchem e povoam o espaço, fazem dele o que ele é, estimulam sua graça e grandeza. (...) O olhar pára e se perde nessa mistura de finas colunas de uma elegância impecável, onde todos os tons se misturam e se harmonizam, onde os capitéis bizantinos, da escola africana ou da escola oriental, são um raro trabalho, de uma diversidade infinita. Alguns me pareceram ter a perfeição da beleza. O mais original dos pilares talvez seja o que lembra uma palmeira torcida pelo vento”.

O conjunto da Grande Mesquita é acessado por nove portas: seis se abrem para os pórticos do pátio, dois sobre a sala de orações e um nono sobre a sala do Imã. Algumas delas, como a porta Bab-el-Gharbi (porta do Oeste) situada na fachada ocidental, são precedidas por espaços ladeados por poderosos contrafortes e protegidos por arcos em nervuras (abaixo).


Abaixo, na sala de orações, detalhe da parte superior do mihrab, que indica a direção da Meca e diante do qual o Imã fica ao liderar as orações. Formado por um nicho enquadrado por duas colunas em mármore, com capiteis em madeira pintada. Tem 4m de altura e 1m6 de profundidade. É considerado como o mais antigo exemplo de mihrab côncavo.


Haveria muito mais coisas a dizer sobre Kerouan...  Com sua forma severa e decoração austera, a Grande Mesquita se distingue pelo seu porte harmonioso e aspecto majestoso. É um monumento religioso que nos eleva a Deus, seja lá qual for nossa religião...


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