segunda-feira, 21 de novembro de 2011

COISAS DE FILÓSOFOS.

Estâncias

Meu pobre coração tão cedo aniquilado
Na ardência das paixões - ó pálida criança -
Revive à doce luz do teu olhar magoado

E cheio de ilusões, de crenças e esperança
Faz o castelo ideal das louras utopias
- Com os brilhos desse olhar e o ouro de tua trança! -

Quando sobre as sombrias
Ondas - vasto luar esplêndido se espalma
De todo o seu negror, arranca as ardentias

De teu olhos assim à luz divina e calma
Dimanam - cintilando - as ilusões e os versos
Das sombras de minh'alma...

E sonho e canto e rio e me deslumbro... imersos
- No místico luar que sobre mim derramas -
Fulguram como sóis meus ideais dispersos!...

Fulguram como sóis - entre sonoras flamas -
Partindo no meu peito a tétrica penumbra
E o silêncio fatal de dolorosos dramas...

E tudo hoje antes tem luz, tem voz - deslumbra -
Pois - tal como um ideal - uma canção ressumbra -
E em cada uma canção - o teu olhar cintila...

Euclides Rodrigues da Cunha (Cantagalo, Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1866 - Rio de Janeiro, 15 de agosto de 1909) - Além de muito conhecido pela prosa, Euclides também foi poeta, jornalista, geógrafo e engenheiro. Escreveu o notório Os Sertões - Campanha de Canudos e diversos artigos publicados nos jornais que trabalhou ao longo de sua vida.


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